Não
sendo um especialista na Língua Portuguesa parece-me que o (e aqui é importante
reforçar “o”) argumento contra o AO 90 se resume a isto:
“Aprendi a ler e a escrever de
determinada maneira e, como foi dessa maneira que aprendi, essa é a maneira que
está correCta!!!”
Em suma,
este argumento é equivalente ao:
“Vamos fazer assim,
porque sempre se fez assim!
E ai de quem ousar
questionar se devemos fazer de maneira diferente!”
No
fundo, temos aqui os Conservadores da Língua, ou CdaL.
Quando o
AO90 entrou em vigor li uma ou outra coisa sobre o assunto.
Retive
que a ideia do AO90 passava por, grosso modo, fazer uma harmonização da
oralidade com a escrita.
Logo se
começaram a elencar “n” situações tidas como “absurdas”, sendo que as que
ganharam maior projeção foram as palavras “espetador” (Espetas o quê?) e “arquitetas” (se
arqui-inimigo é um grande inimigo, “arquitetas” são “grandes tetas”, certo?!)
Exemplos
que reforçavam o argumento.
Numa
fase posterior, os CdaL começaram a notar e sublinhar as “inconsistências de uso do AO e os erros que agora as pessoas dão devido
ao AO90. É importante referir que essas mesmas pessoas nunca, mas nunca, davam um pequenino erro
sequer antes de uma meia dúzia de malvados ter levado esta ideia estapafúrdia
avante!!”.
O
exemplo mais apontado é o “fato” vs “facto”, palavras diferentes, que
significam coisas diferentes, independentemente do AO90.
Ao mesmo
tempo, levanta-se a questão sobre o “para” vs “pára”.
De
acordo com o que li sobre o AO 90, a interpretação do significado estava
dependente do contexto.
“Não pode ser assim!”, vociferam os CdaL.
“Esta situação nunca, nunca, mas NUNCA, acontecia antes do AO90!
Nem mesmo quando via uma pega no Campo Pequeno…”
Como?
“Uma pega. Campo Pequeno. Não me
digas que isto não está claro…?!? Não adoPtei
o AO90, logo, isto tem que
estar CLARO!!”
E
chegados aqui, temos que o “politicamente correto” é o “politicamente
correCto”.
Temos
pessoas a assinar “contractos”
porque se recusam a assinar contratos, “Vítores” rebaPtizados de “VíCtores”, etc, etc.
E o
porquê deste texto agora?
Simples:
Decidi
assinalar o início do inverno.
Isto
apesar de haver pessoas que se recusam a entrar no inverno, enquanto registam o
início do Inverno com alegria.
Para a
maior parte das pessoas, o que importa é que a temperatura vai descer…
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