quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Chuva


- Até qu’enfim!, gritou em surdina uma pessoa que se apressava para passar a passadeira.

- Falou comigo?, perguntou em jeito de resposta a pessoa que estava ao lado. Não tinha sido uma pergunta, mas um meio para iniciar uma conversa.

- A chuva! A chuva regressou! , a partir daqui vou deixar de vos guiar…

- Esteve emigrada?

- De um certo modo…

- É amigo?

- Podemos dizer que sim…. Não, amigo não, antes cúmplice.

- Cúmplice?!  De que crime?

- Ausência prolongada.

- Da chuva?

- Claro! Vai para alguns meses que não se via por cá… Todos os anos é sempre a mesma coisa… Insiste sempre em ausentar-se na altura de maior calor…

- E o senhor? Também se ausenta na altura de maior calor?

- Já lhe tinha dito que sou cúmplice da chuva.

- Percebo.

- Eu não.

- Bom dia!

 

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