quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

AO90, o inverno e o Inverno.

Não sendo um especialista na Língua Portuguesa parece-me que o (e aqui é importante reforçar “o”) argumento contra o AO 90 se resume a isto:

“Aprendi a ler e a escrever de determinada maneira e, como foi dessa maneira que aprendi, essa é a maneira que está correCta!!!”

Em suma, este argumento é equivalente ao:

“Vamos fazer assim, porque sempre se fez assim!
E ai de quem ousar questionar se devemos fazer de maneira diferente!”

No fundo, temos aqui os Conservadores da Língua, ou CdaL.


Quando o AO90 entrou em vigor li uma ou outra coisa sobre o assunto.
Retive que a ideia do AO90 passava por, grosso modo, fazer uma harmonização da oralidade com a escrita.

Logo se começaram a elencar “n” situações tidas como “absurdas”, sendo que as que ganharam maior projeção foram as palavras “espetador” (Espetas o quê?) e “arquitetas” (se arqui-inimigo é um grande inimigo, “arquitetas” são “grandes tetas”, certo?!)
Exemplos que reforçavam o argumento.

Numa fase posterior, os CdaL começaram a notar e sublinhar as “inconsistências de uso do AO e os erros que agora as pessoas dão devido ao AO90. É importante referir que essas mesmas pessoas nunca, mas nunca, davam um pequenino erro sequer antes de uma meia dúzia de malvados ter levado esta ideia estapafúrdia avante!!”.

O exemplo mais apontado é o “fato” vs “facto”, palavras diferentes, que significam coisas diferentes, independentemente do AO90.

Ao mesmo tempo, levanta-se a questão sobre o “para” vs “pára”.

De acordo com o que li sobre o AO 90, a interpretação do significado estava dependente do contexto.

“Não pode ser assim!”, vociferam os CdaL.

“Esta situação nunca, nunca, mas NUNCA, acontecia antes do AO90! Nem mesmo quando via uma pega no Campo Pequeno…”

Como?

“Uma pega. Campo Pequeno. Não me digas que isto não está claro…?!? Não adoPtei o AO90, logo, isto tem que estar CLARO!!”

E chegados aqui, temos que o “politicamente correto” é o “politicamente correCto”.

Temos pessoas a assinar “contractos” porque se recusam a assinar contratos, “Vítores” rebaPtizados de “VíCtores”, etc, etc.


E o porquê deste texto agora?

Simples:

Decidi assinalar o início do inverno.

Isto apesar de haver pessoas que se recusam a entrar no inverno, enquanto registam o início do Inverno com alegria.

Para a maior parte das pessoas, o que importa é que a temperatura vai descer… 


Sem comentários:

Enviar um comentário